Lembro-me de termos estado a fazer-lhe festinhas no focinho, ele deitara-se sobre o flanco esquerdo, silencioso e imóvel, olhava em frente, esperava. Até fizemos fotografias para guardar nos álbuns, as crianças e aquele bicho pesado, aquele bicho perdido, tão terrivelmente triste. Só depois é que reparámos nas lágrimas, grossas. O antílope quieto que ia morrer estava a chorar.
Furtado, José Afonso, Correia, Clara Pinto (s.d.), Canções das crianças mortas, Editora: Relógio D’Água.
Sem comentários:
Enviar um comentário