17/12/2009

flying so mutch away

e será que se eu morrer darás conta?
irás ver-me por respeito?
nojo, tenho nojo...
principalmente de mim, por não saber,
por me sentir ridiculamente sozinha!
de sonhar mil e uma vezes que me beijas,
que sei lá mais o quê.
e por isso me sentir tão estupidamente ridícula.
sim, estou ridícula com uma farda que não é minha.
apetece-me bater-te, espancar-me;
partir!
Quero que me não toques, que me não vejas,
que não cheires.
que partas... ou então eu;

Geralmente, pensa-se que somos fruto das circunstâncias. Mas não é verdade. Pelo contrário, são as circunstâncias que revelam a pessoa. As nossas circunstâncias não nos definem; representam o nosso percurso individual- provas, desafios e aprovação e o afastamento. O nosso êxito como seres humanos não reside na quantidade de objectos que possuímos ou nos lucros que conseguimos. também não reside na relação das nossas aflições no momento, mas sim na maneira como manejamos o que possuímos e como enfrentamos os nossos desafios, como transforma-mos o nosso caminho individual em crescimento e numa vida cheia de amor.

Dr. Wayne Dyer
in Sim, Podes ser Feliz,p.9

14/12/2009

" Realidade ou desejo incerto, o amor é o elemento primitivo da actividade interior; é a causa, o fim e o resumo de todos os afectos humanos "

A.H. p.69

13/12/2009

" as minhas paixões não podiam morrer, porque eram imensas, e o que é imenso é eterno. "

A.Hercúlano, in EURICO O PRESBÍTERO, p. 48

Dai às paixões todo o ardor que puderdes, aos prazeres mil vezes mais intensidade, aos sentimentos a máxima energia e convertei o mundo em paraíso, mas tirai dele a mulher, e o mundo será um ermo melancólico, os deleites serão apenas o prelúdio do tédio.

A.Hercúlano, in EURICO O PRESBÍTERO, p.7

10/12/2009

Chaga

Ornatos Violeta

Composição: Manel Cruz, Peixe

Foi como entrar
Foi como arder
Para ti nem foi viver
Foi mudar o mundo
Sem pensar em mim
Mas o tempo até passou
E és o que ele me ensinou
Uma chaga pra lembrar que há um fim

Diz sem querer poupar meu corpo
Eu já não sei quem te abraçou
Diz que eu não senti teu corpo sobre o meu
Quando eu cair
Eu espero ao menos que olhes para trás
Diz que não te afastas de algo que é também teu
Não vai haver um novo amor
Tão capaz e tão maior
Para mim será melhor assim
Vê como eu quero
E vou tentar
Sem matar o nosso amor
Não achar que o mundo é feito para nós

Foi como entrar
Foi como arder
Para ti nem foi viver
Foi mudar o mundo
Sem pensar em mim
Mas o tempo até passou
E és o que ele me ensinou
Uma chaga pra lembrar que há um fim

Leva qualquer eu a meu dia
Dá-me paz eu só quero estar bem
Foi só mais um quarto uma cama
No meu sonho era tudo o que eu queria

Quando alguém deixar de viver aqui
Espera que ao voltar seja para ti
Nada vai ser fácil
Nunca foi
Quando alguém deixar de te dar amor
Pensa que há quem viva do teu calor
Hoje é só um dia
E vai voltar amanhã
E não foi assim que o tempo nos fez
E fez assim com todos nós
E não foi assim que a razão nos amou
E fez assim com todos nós
São coisas
São só coisas

Se uma voz nos diz que é viver em vão
Pra que raio fiz eu esta canção
E se o fim é certo
Eu quero estar cá amanhã
E não foi assim que o tempo nos fez
E fez assim com todos nós
E não foi assim que a razão nos amou
E fez assim com todos nós
São coisas
São só coisas

Eu estou bem
Quase tão bem
Vê como é bom voltar a dizer
Eu estou bem
Quase tão bem
Vê como é bom voltar a dizer
Eu estou bem
Quase tão bem
Vê como é bom voltar a dizer
Eu estou quase a viver

07/12/2009

Women in Red - Hugo Macedo





A vida é toda ela uma encruzilhada, não é?

...

Se uma pessoa diz a outra que a ama, a própria linguagem supõe a expressão "para sempre". Não tem sentido dizer: - Amo-te, mas provavelmente só durará uns meses, ou uns anos, desde que continues a ser simpática e agradável, ou eu não encontre outra melhor, ou não fiques feia com a idade. Um "amo-te" que implica "só por algum tempo" não é um amor verdadeiro. É antes um "gosto de ti, agradas-me , sinto-me bem contigo, mas de modo algum estou disposto a entregar-me inteiramente, nem a entregar-te a minha vida".
Santamaría Garai

...

Não deves recusar a dor, porque ela te constrói, te marca os limites e te faz crescer por dentro dos teus muros.
Sem ela, não passarias de um projecto do homem que hás-de ser. Ela edifica-te os músculos, a cabeça e o coração, e não existe outra maneira de chegares a ser aquilo que deves vir a ser.
Se não sofresses não haveria ninguém dentro de ti.
Paulo Geraldo

03/12/2009

Diz-lhe que não, diz-lhe que tudo acabou
Que é sempre mais feliz aquele que mais amou
Chega de juras de amor
Promessas de amor eterno
Para algum tempo depois
Voltarmos ao mesmo inferno
Por vezes é mesmo assim
Não há outra solução
Doi muito dizer que sim
Doi menos dizer que não
Diz-lhe que não, diz-lhe que tudo acabou
Que é sempre mais feliz aquele que mais amou
Diz-lhe que chega de ouvir as frases habituais
Chamam-me a maior paixão da vida, coisas banais
Maior ou não pouco importa
Ser a única isso sim
Diz-lhe que não me enganou
Enganou-se ele por mim
Diz-lhe que não, está na hora de acabar
Mas por favor não lhe digas que ainda me viste chorar

27/11/2009

Não sou!

Não sou, porque não faço.
Não sou, porque não sou capaz ou não quero.
Não sou.
Sim. Não sou!
Ser implica Presente, ser Todo.
( ser... mas como dizer o mesmo sem o "ser"?)
Portanto: não Sou.
Pois, somos só porque cá estamos?
Não sou, só isso.
POrtanto, não existo.

Li

02/11/2009

Uma das funções da rádio é espalhar magia: nós não temos cara, temos vozes, e isso ajuda a incendiar o imaginário dos ouvintes. Esta rádio de hoje, coitada, não incendeia absolutamente nada. Põe o ouvinte a um canto e diz-lhe: ouve isto, que não te maça, não te assusta, não te provoca.

António Sérgio ( 1950- 2009 )

28/09/2009

NOvo Circulo

Simplesmente há coisas que não percebo e cada vez mais sei que estou num ambiente onde não me reconheço e não gosto de estar. Realmente quem está mal muda-se e eu começo a acreditar nesta máxima. Sinto que mudei muito, talvez de mais e que tudo agora faz um sentido diferente para mim. Pressinto outras leituras, leituras que estão fora das minhas capacidades e que não pensava serem possiveis.
As pessoas já não se amam, pelo menos da mesma maneira; já não se sentem, já não se entusiasmam com uma voz que não se ouve há semanas. É estranho dizê-lo, mas já se esqueceram, e era suposto ser para sempre. Magoam-se, acotovelam-se e passam, não por cima, mas em cima. Estou fora de água, sim mas não sei onde me perdi. e porquê? a resposta e a culpa são minhas, se fosse menos preocupada com os significdos. seria mais fácil, com certeza.
Estou desanimada; com forças mas desanimada. O mundo que construi, onde habitei anos e anos já não me aconchega e reconforta, cansa-me e extenua-me os sentidos, por uma busca que é só minha.
Sei que tenho de partir. Partir para significar algo noutro lado. há tanto para conhecer e tantas pessoas para servir e amar. Tenho pena mas não me arrependo.
Fui feliz e agradeço a Deus por isso, Ele deu-me o que nunca serei capaz de agradecer. Agora é tempo de pegar e partir.
Obrigada a Todos

14/09/2009

Um pouco de cor

Fotografia: Sandra Pita

=D

" Se porventura lhes acontecesse conhecerem homem mais feliz, com uma gargalhada, do que o sobrinho de Scrooge, a única coisa que posso dizer é que gostaria também de o conhecer. Apresentem-mo e cultivarei essa relação.
É justo, imparcial e nobre ajustamento das coisas que faz com que, enquanto a doença e a tristeza são contagiosas, nada haja no mundo de tão irresistivelmente contagioso como o riso e o bom humor. "

Dickens, Charles (1870)
O Natal do Senhor Scrooge e Os Sinos de Ano Novo, Trad: Lucilia Filipe (2002)p.76

11/09/2009

Ser Feliz ( assim ) não tem preço... :)

10/09/2009

O Brincador

Quando for grande, não quero ser médico, engenheiro ou porfessor.
Não quero trabalhar de manhã, seja no que for.
Quero brincar de manhã á noite, seja com o que for.
Quando for grande, quero ser um brincador.
Ficam, portanto, a saber: não vou para a escola aprender a ser um médico, um engenheiro ou um professor.
Tenho mais em que pensar e muito mais para fazer. Tenho tanto que brincar, como brinca um brincador, muito mais o que sonhar, como sonha um sonhador, e também que imaginar, como imagina um imaginador.
A minha mãe diz que não pode ser, que não é profissão de gente crescida.
E depois acrescenta, a suspirar: “ é assim a vida”.
Custa tanto a acreditar. Pessoas que são capazes, que um dia também foram raparigas e rapazes, mas já não podem brincar.
A vida é assim? Não para mim. Quando for grande, quero ser um brincador.
Brincar e crescer, crescer e brincar, até a morte vir bater àm minha porta.
Depois também, sardanisca verde que continua a rabiar mesmo depois de morta.
Na minha sepultura, vão escrever: “ Aqui jaz um brincador. Era um homem simples e dedicado, muito dado, que se levantava cedo todas as manhãs para ir brincar com as palavras.


?

09/08/2009

sinto que...


Creio que esta dor pequenina nunca vai terminar de me mastigar. São muitos os dias em que acordo e penso que o passado foi lá atrás e que o caminho será mais fácil, mas depois, basta um momento para que tudo perca o sentido. Custa. Apenas custa muito. Sei que tudo sara, que tudo segue o seu caminho, mas sinto que não consigo andar como a maré. Sinto que encalho aí algures nos degraus que se tem que subir, sei lá! o Antes não foi como se esperava e o Depois parece que não chega, está encalhado...... como se esquece? Como se cura uma ferida? esta ferida??

Tudo será melhor algum dia. Só resta saber é qual.....

20/07/2009

Não há fim

Era uma ponte quase em ruínas. Atravessava-se a ponte e do outro lado estava o rio. Vi um velho sentado na ponte, no último pilar, com uma comprida cana de pesca presa entre as mãos. Parei o carro e fui ter com ele. « Os porcos dilatam com o calor», riu o velho apontando com o queixo para um animal enorme, meio afundado na lama, alguns metros abaixo. Se ele não me tivesse dito aquilo pensaria que era um hipopótamo.
Retorqui:
- Deve fazer muito calor neste lugar...
O venho riu-se às gargalhadas. Faltavam-lhe dentes. As gargalhadas, todavia, eram jovens, como se por baixo da pele grossa e enrugada se escondesse um rapaz com a dentadura completa, a cabeleira farta e o rosto liso, ainda imberbe. Explicou-me que, depois da ponte ter sido construida, o leito do rio se desviara umas dezenas de metros para o lado esquerdo, dando origem àquele particular extravio da razão. O rio recusara a ponte. Sempre que chovia a estrada ficava pelas àguas.
- Não há maneira de passar?
O velho encolheu os ombros. Não havia. Não, pelo menos enquanto chovesse, e estávamos em plena estação das chuvas. Fosse como fosse, quase nunca aparecia ninguém naquela estrada.
- Vai dar onde a estrada?
E ele sabia? Voltou a rir-se. O riso dele refrescava a alma, como tomar banho de mangueira após um dia de praia. Não sabia. nunca vira ninguém cruzar o rio vindo do outro lado.
- Então vou ter de voltar para trás?
Irrita-me voltar para trás. Viajo para saber onde as estradas vão dar. Prefiro seguir pelas estradas secundárias. Gosto dos caminhos de terra batida, das picadas abertas a custo entre espinheiras altas. Uma vez, algures no deserto do Namibe, encontrei uma estrada desenhada na rocha. Durante quilómetros e quilómetros o que havia era apenas o corpo exposto de uma rocha lisa, com a mesma cor alucinada dos crepúsculos, batida pelo vento áspero e pelo duro sol. Pequenos paralelepípedos cortados numa pedra escura, e colocados de dez em dez metros de ambos os lados da estrada, traçavam o percurso. Depois reapareceram as dunas, coroadas aqui e ali pelas rijas folhas de uma Welwitchia mirabilis, e o sonho terminou. Da mesma forma que um surfista procura a vida interia a onde perfeita, eu procuro a estrada. Provavelmente era aquela, mas não tenho uma única imagem que comprove a sua existência.
- Quer almoçar comigo?
A proposta apanhou-me de supresa. Disse-lhe que não. Depois corrigi:
- Onde?
Ele informou-se que havia um pequeno restaurante ali perto, mesmo à beira da estrada. Eu não vira restaurante nenhum. O velho desmontou a cana de pesca, arrumou os apetrechos num saco de couro e levantou-se. Mostrou-me a pescaria. Ajudei-o a colocar tudo na bagageira. O restaurante não era logo ali. Ficava a uns bons vinte quilómetros. Chamava-se O Máximo, o que me pareceu uma designação demasiado optimista, até compreender que era o nome do proprietário. O poroprietário, aliás, era ele mesmo, o velho pescador. Máximo mandou grelhar os peixes que trouxera do rio. Estavam bons, acompanhados por batatas cozidas e salada de alface e tomate. Quis saber como era ele para ali, porque decidira construir um restaurante num lugar tão remoto, junto a uma ponte que dava para uum rio. Máximo encolheu os ombros magros. Não fora ele quem construíra o restaurante. Ganhara-o ao jogo. Fora por causa do jogo, fugindo de credores, que se eentranhara no mato, até chegar àquele lugar sem nome. Contou-me isto enquanto almoçávamos, bebendo cerveja morna e sorrindo sempre.
- Quer jogar?
- Não, eu não jogo.
- É uma pena. Tencionava apostar o meu restaurante contra o seu carro. Se perdesse esperava pelo fim das chuvas, atravessava o rio a pé, e sguia viagem. Se ganhasse pegava no carro e voltava para trás, para a vida que deixei...
Eu não queria v0ltar para trás. Não queria regressar à vida que havia deixado. Hesitei um isntante e depois disse-lhe que sim, que estava disposto a jogar, que aceitava a aposta. Os olhos dele brilharam. Tirou dos bolsos das calças um par de dados muito gastos. Reparei que lhe tremiam os dedos, e que tinha as unhas manchadas de nicotina. Venceu-me sem dificuldade. Entreguei-lhe as chaves do carro e pedi um café. SEntia-me de repente muito cansado.
- Enfim é isto o fim?
- Não- respondeu-me Máximo sem perder o sorriso. - Não há fim. O que há são intervalos.
José Eduardo Agualusa
in, PASSAGEIROS EM TRÂNSITO.

30/06/2009

ADeus génio


Aos 68 anos, "morte rápida e inesperada"

Morreu a coreógrafa Pina Bausch
30.06.2009 - 14h31 PÚBLICO, Agências

A coreógrafa alemã Pina Bausch morreu hoje aos 68 anos. A autora de "Café Müller", a única peça sua que interpretou, soube há cinco dias que sofria de cancro. O seu estilo expressionista, recebido como controverso, tornou-a a grande dama da dança contemporânea alemã."Pina Bausch morreu esta manhã [no hospital], de uma morte inesperada e rápida, cinco dias depois de lhe ter sido diagnosticado um cancro", informou em comunicado Ursula Popp, a porta-voz do Tanztheater Wuppertal, a formação que a coreógrafa dirigia. "No domingo ela ainda esteve em cena com a companhia, na Ópera de Wuppertal", acrescentou ainda Popp.Figura maior da dança moderna e contemporânea, Bausch era uma criadora consagrada e uma das maiores coreógrafas do mundo. Tendo crescido no hotel-restaurante dos seus pais, sempre se pensou que "Café Müller" era inspirado nessa sua experiência, na sua vida, algo que negou ao PÚBLICO em entrevista em Maio de 2008. "Não tem nada a ver com a minha biografia. Chama-se 'Café Müller' mas não tem nada a ver com o facto de os meus pais terem tido um restaurante", disse. "Esta peça nasceu de um convite para fazer um trabalho à volta do [dramaturgo britânico William] Shakespeare, um trabalho baseado numa passagem do 'Macbeth'. Éramos uns quantos bailarinos, alguns actores e um cantor. Tínhamos 14 dias até à estreia e achei que não era suficiente. Decidi chamar mais algumas pessoas o Gerhard Bohner, Hans Pop, Gigi Caciuleano para uma coreografia que se passasse apenas numa sala, o Café Müller, em que cada um poderia fazer pequenas danças e contar as suas próprias histórias, ou até usar a sua própria música." "No fundo, são quatro diferentes 'Café Müller' que fazemos juntos. Como vê, nada tem de privado ou pessoal.""Café Müller" é, provavelmente, a sua peça mais conhecida, interpretada pela primeira vez em Portugal, há 15 anos, por ocasião da Lisboa 94 - Capital Europeia da Cultura e a convite da Fundação Calouste Gulbenkian, que organizou um ciclo retrospectivo à volta da sua obra. No ano passado, o Centro Cultural de Belém e o Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa, organizaram um ciclo de conversas, filmes e três peças: a estreia nacional de "Nefés", sobre Istambul, "Masurca Fogo", feita a partir de uma residência em Lisboa em 1998 e apresentada na altura, e novamente "Café Müller".Reconhecidamente uma figura avessa a entrevistas e a falar em público, disse em entrevista ao PÚBLICO em Maio do ano passado: "Nunca gostei de peças que se desenrolam num só nível; o ambiente das minhas está sempre a mudar, com o fim sempre em aberto. Eu também não sei. Há mais perguntas que respostas. Há muitas perguntas." (ver a entrevista na íntegra em link) Nascida em Solingen, na Alemanha, a 27 de Julho de 1940, começou a estudar dança aos 14 anos na Escola de Folkwang, em Essen, com o coreógrafo Kurt Jooss, um dos fundadores do movimento Ausdruckstanz, uma corrente que combina movimento, música e elementos da arte dramática. A passagem pela conceituada escola de dança norte-americana Juilliard permitiu-lhe o contacto com Anthony Tudor, José Limón e Mary Hinkson. Mais tarde, regressaria à Alemanha para integrar a companhia Folkwang, de Kurt Jooss - assinaria a sua primeira coreografia, "Fragment", sobre música de Béla Bartók em 1968. Em 1969, ascendia ao cargo de directora artística da Folkwang, que acumulava com a coreografia e a dança em palco.A "sua" companhia, o Tanztheater Wuppertal, é-o desde 1973. Começou a ser convidada com regularidade a fazer digressões no estrangeiro e o Tanztheater passou a ser reconhecido como uma das maiores companhias contemporâneas do mundo. Participou no fime de Fellini "O Navio" (1982) e depois em "Fala com Ela", de Pedro Almodóvar (2001). Em 1990, realizou "O Lamento da Imperatriz" e estava a planear fazer um filme com Wim Wenders.No ano passado, foi distinguida com o Prémio Goethe. Bausch foi casada com o cenógrafo holandês Rolf Borzik, que morreu em 1980.

29/06/2009

pois é...

DRAMATURGISTA o que é?

Um dia, representando, enfim, parti um ossinho do pé. Durante alguns anos vivi com um grupo de teatro um casamento que deu em divórcio, mas sem privacidades discutidas em público. No meu quotidiano de então - e no cartão do Sindicato estava escrito que eu era dramaturgista - tentava harmonizar as necessidades de criação literária com as vontades de criação teatral do grupo e que faziam apelo à minha participação também como actor em algumas das suas aventuras, para além de outras responsabilidades. Foi uma bela iniciação. Mas vem isto a propósito de ter partido um ossinho do pé enquanto estava em função. Andei ainda uns dias represenatdo assim, o ossinho fazendo doer como um pormenor caricato a criar desentendimento, e finalmente decidi visitar o hospital muito coxo e chateado. Ao guichet, uma senhora, simpática funcionária, pediu-me os dados para a identificação.
Depois do nome
- Profissão ?- perguntou.
E eu, hesitando um mpouco, respondi
- Dramaturgista.
E disse ela
- Isso é especialidade de psiquiatria, não é? Entre, entre, faça favor de entrar, senhor doutor!
Abel Neves,
in Algures entre a resposta e a interrogação
em volta do teatro
p.16

15/06/2009

sobre nós:

Cair no céu

Este nosso mundo não é aváro de emoções. Podemos queixar-nos de tudo, mas não de monotonia. São as guerras, de grande e pequeno formato, os enfartes cardíacos, são os hippies e o poder da flor ( e o poder negro, também ) são os movimentos da crosta terrestre e os terramotos sociais, são as campanhas presidênciais e os assassínios dos presidentes ou candidatos, são as drogas e as modas, e os cabelos compridos, e sas saias bem-aventuradamente curtas e outra vez longas, e as excursões turísticas, e os atrasos dos comboios, e os computadores que pontualmente preparam a descoberta de qualquer coisa para qualquer dia, e ( porque a lista não acabaria ) cada um de nós neste mundo a querer saber o que cá faz, ou pelo contrário, nada interessado em sabê-lo. Tudo isto, de uma maneira ou de outra nos ocupa. E assim vamos passando o tempo, vagamente inquietos, vagamente preplexos, como actores, que de repente se esqueceram do papel e olham desorientados à espera da deixa que lhes permita tornar a engrenar no texto. É o caso: falta-nos a deixa. (...)
José Saramago, in DESTE MUNDO E DO OUTRO.

14/06/2009

D.Sebastião

Sperai! Caí no areal e na hora adversa
Que Deus concede aos seus
Para o intervalo em que esteja a alma imersa
Em sonhos que são Deus.
Que importa o areal e a morte e a desventura
Se com Deus me guardei?
É O que eu me sonhei que eterno dura,
É Esse que regressarei.
F.P.
Resposta à Pequena Maria de Noronha.

D.Sebastião ( Rei de Portugal )

LOuco, sim, louco porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?

F.P.
Pequena lembrança de uma Maria, algures perdida.

01/01/2009

" Para além das conversas de mulheres, são os sonhos qe seguram o mundo na sua órbita
Mas são também os sonhos que lhe fazem uma coroa de luas,
Por isso o céu é o resplendor que existe dentro da cabeça dos homens,
Se não é a cabeça dos homens o próprio e único céu. "
In Memorial do Convento
José Saramago